12 anos de preservação ambiental

Criado em 2004, o Comitê Rio Passo Fundo atua, há mais de uma década, na gestão e preservação dos recursos hídricos da região

 

 

    Foi no início dos anos 90 que as primeiras movimentações em torno dos recursos hídricos apontaram a necessidade da criação de um comitê capaz de abordar, dentro da sua estrutura, questões relacionadas à Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo e do Rio da Várzea. Com apoio e iniciativa da Universidade de Passo Fundo, do Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas – GESP -, e do Departamento de Florestas e Áreas Protegidas – DEFAP – surgiu, em 1997, uma comissão pró-comitê. Entre discussões, argumentações e abordagens específicas a respeito das duas bacias hidrográficas o comitê foi, aos poucos, tomando forma. Mais tarde, já nos anos 2000, por questões políticas, econômicas, geográficas e sociais, o Comitê Passo Fundo/Várzea decidiu por outro caminho, optou pela separação das bacias e, a partir disso, surgiram dois comitês distintos.

    Criado, de forma oficial, pelo Decreto Estadual nº 42.961, de 23/03/2004, o Comitê Rio Passo Fundo atua, há mais de uma década, na luta pela preservação dos recursos hídricos da região. Em uma nova fase desde 2014, o Comitê se volta, agora, para trabalhos de educação ambiental, conscientização da população, além da gestão de recursos hídricos e engajamento em diferentes causas ambientais que movimentam Passo Fundo e a região de abrangência da Bacia Hidrográfica do Rio que dá nome ao Comitê. Região essa que está situada no norte do Rio Grande do Sul, abrange 30 municípios e uma população de aproximadamente 180 mil habitantes.

 

Sobre a Bacia Hidrográfica

   Em toda a sua extensão, o Rio Passo Fundo abriga e acolhe diferentes serviços que utilizam sua água para manter uma rotina. De acordo com o Plano de Bacia, ainda em desenvolvimento, o abastecimento humano é o setor que tem a maior demanda de água em toda a Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo, chegando a quase 50%. Depois, a pecuária tem uma demanda de 24% enquanto a irrigação usufrui pouco mais de 18% da água e a indústria quase 9%. Além desses setores, duas usinas hidrelétricas responsáveis pela energia elétrica de 12% do Estado do Rio Grande do Sul estão localizadas no Rio Passo Fundo, além da unidade de Conservação Parque Municipal da Sagrisa, que fica no município de Pontão, e do Parque Natural Municipal de Sertão.

 

Plano de Bacia e projeção futura

   Ainda, o Plano de Bacia, com base no levantamento de números que indicam percentuais de aumentos, estagnação ou decréscimo das condições da disponibilidade hídrica, agropecuária, indústria e população para a Bacia, vislumbra, até 2030, um aumento considerável na população de Passo Fundo. Em contrapartida, a vazão da água diminui, não só pela concentração populacional, mas porque os setores de agropecuária e indústria tendem a ter um crescimento elevado. Os dados indicam a necessidade urgente de ações de gerenciamento do abastecimento de água e, ainda, de um esforço conjunto para a melhora da qualidade atual. E, se hoje esta qualidade não atinge os parâmetros desejados e fica abaixo do esperado, a mudança está nas ações não só do governo, mas da população: do controle de perdas às obras das redes de esgoto, o futuro do Rio Passo Fundo passa, também, pela torneira das nossas casas.

 

Sobre dificuldades, incentivos e apoio

    E, nesse sentido, a maior dificuldade na gestão hídrica encontra-se na diversidade de opiniões: cada usuário tem uma visão sobre este recurso vital e falta a integração dos diversos planos de gestão. Realizar a gestão do recurso hídrico, um bem público, significa usá-lo de forma racional, com sabedoria e justiça social, buscando a sustentabilidade, sem frear o desenvolvimento local ou regional. Para avançar neste processo faz-se necessário incentivar e implementar ações de educação ambiental, mobilização e comunicação social e é preciso, também, encontrar uma fórmula eficaz de tornar os Comitês de Bacias ainda mais conhecidos e respeitados pelo importante papel que desenvolvem junto a sociedade.

    Por isso, o Comitê busca a aproximação com as escolas, espaços de formação e transformação de conceitos, pensamentos, valores e atitudes, visando o desenvolvimento de atividades no âmbito da conscientização ambiental. Além da preservação dos recursos hídricos da região, esta aproximação permite um processo de ensino-aprendizagem por meio da troca de saberes de forma eficiente, pois “atividades diferentes induzem as pessoas a desenvolver capacidades diferentes” (BIZZO, 2000). Com isso, são firmados valores e ações que contribuam para a preservação através da conscientização de uma sociedade justa e ecologicamente equilibrada, adequando hábitos e práticas cotidianas ao uso sustentável dos recursos naturais disponíveis ao homem. Temos em mente que ainda será necessário construir soluções para os vários problemas relacionados à gestão dos recursos hídricos, tendo em virtude do atual cenário ambiental, considerando metas e objetivos para a construção de novas e diferentes visões.  Precisamos estar envolvidos e, acima de tudo, compreender que a construção para a solução passa por cada um de nós e pelo nosso trabalho, através de ações coletivas, que é capaz de desenvolver, replicar e propagar ações exitosas.