Berço das Águas: conhecer para preservar

Manhã de atividades abordou a formação histórica do Povinho Velho, cenário atual do Rio Passo Fundo e, ainda, projetos de recuperação e conservação de nascentes


 

       É nas terras de Passo Fundo que nascem as águas que abastecem 61% dos municípios de todo o Estado. E foi justamente esse fato que motivou as discussões do 1º Seminário Ambiental Berço das Águas, promovido pela Emater/Ascar, em parceria com o Comitê Rio Passo Fundo e Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que aconteceu na manhã de quinta-feira, 10, e reuniu entidades ambientais e instituições de Passo Fundo e região para analisar, discutir e explorar questões referentes ao local que abriga uma quantidade relevante de nascentes de cinco das 25 bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul. História, cenário atual e estudo de caso apontaram as principais fontes poluidoras do Rio Passo Fundo e, ainda, ações importantes de preservação e conservação da área.

      A partir de um resgate da formação histórica e social do Povinho Velho, núcleo original da região de Passo Fundo, realizado pelo presidente do Comitê Rio Passo Fundo, Claudir Luiz Alves, foi apontada a necessidade de conhecer o Berço das Águas e, ainda, de reconhecer o local como essencial para a sustentabilidade não só de Passo Fundo, mas do estado. “Vivemos em uma sociedade em constante transformação. Não podemos esquecer o passado, porque nosso futuro está, também, na nossa história. Ainda temos ligação com o passado e é preciso que cada um de nós veja o Rio como parte da cidade e, a partir disso, assuma a sua responsabilidade diante do atual cenário das águas”, comentou o presidente.

 

Qualidade da água

      O secretário municipal de Meio Ambiente, Rubens Astolfi, apresentou, também, o cenário atual da qualidade da água do Rio Passo Fundo e, ainda, ações que vem sendo feitas para orientar e sensibilizar a população quanto à realidade da água na região. Em resumo, a qualidade dos recursos hídricos da região pode ser considerada razoável na maior parte de sua extensão, mas, segundo as análises feitas pela Acauã Consultoria, alguns pontos críticos necessitam de atenção, especialmente em trechos onde há concentrações urbanas e atividades agropecuárias. Isso significa que os principais desafios para atingir uma qualidade satisfatória em toda a extensão do Rio Passo Fundo envolve o tratamento dos esgotos domésticos e minimização dos impactos difusos com o lançamento de dejetos de animais. Além dele, Zilmar Tadeu Hoszczaruk, representante da Emater/Ascar, apresentou um estudo de caso de recuperação de nascentes na cidade de Machadinho.

 

Fontes poluidoras

       A principal fonte poluidora da do Rio Passo Fundo são os dejetos provindos da pecuária: a cada ano, cerca de 97.529 toneladas são jogadas dentro do Rio.

- Bovinos de Corte – 50,56% (49.314 ton/ano)

- Suínos – 17,23% (16.806 ton/ano)

- Bovinos de Leite – 15,55% (15.161 ton/ano)

- Aves – 15,19% (14.810 ton/ano)

 

O Berço das Águas

      A localidade de Povinho Velho, no interior da cidade, é o berço de cinco das 25 bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul: entre Passo Fundo e Mato Castelhano, existe uma área de pequenas nascentes que são formadoras das bacias do Passo Fundo, Alto Jacuí, Apuaê-Inhandava e Taquarí-Antas. Os pequenos banhados se desmembram em quatro braços diferentes que seguem caminhos contrários. Mais a frente, outra área de nascentes dá início à quinta bacia hidrográfica com berço na cidade: o Rio da Várzea.  Essa área, que recebeu o nome de Berço das Águas, foi determinada, a partir do Plano de Bacia elaborado entre 2010 e 2011, como classe especial e existe a recomendação de criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral nestes locais.