Pecuária é o setor que mais gera poluição na bacia do Rio Passo Fundo

Estudo da Bacia foi apresentado na manhã de sexta-feira (02), na Universidade de Passo Fundo (UPF) e apontou o cenário atual dos rios na região 

  

A principal fonte poluidora da Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo são os dejetos provindos da pecuária. Esse foi um dos principais resultados do diagnóstico socioeconômico e ambiental da bacia. Em relação ao consumo de água, a pesquisa apontou que o abastecimento público possui a maior demanda. Em resumo, a qualidade dos recursos hídricos pode ser considerada razoável na maior parte da bacia, mas alguns pontos críticos necessitam de atenção. 

A bacia do Rio Passo Fundo abrange trinta municípios da região e dezenas de rios. O estudo que iniciou em outubro de 2010 faz parte do processo de Planejamento dos Usos da água (Plano de Bacia) e foi elaborado pela empresa Infra-Geo, de Passo Fundo.

O objetivo desta atividade foi obter informações sobre a dinâmica social da Bacia contemplando aspectos relacionados ao seu histórico de ocupação, dinâmica demográfica, variáveis econômicas, variáveis ambientais focadas no saneamento básico desta região e energia elétrica. Também foram analisados os padrões legais, institucionais e caracterização dos padrões culturais e antropológicos, além de identificar as entidades, meios de comunicação e educação. 

Os dados serão base para definir a qualidade e os usos da água na bacia para os próximos 20 anos. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo (CBHPF), Claud Goellner explicou que o abastecimento  é o maior consumidor devido as concentrações urbanas. Ao contrário do que se acreditava, o esgoto não é o principal poluidor da bacia. “A pecuária é a principal fonte de poluição. O esgoto sanitário é muito pequeno na bacia e concentra-se principalmente nas regiões urbanas em trechos específicos da bacia como em Passo Fundo e Erechim. Estes aspectos são fundamentais para definir a qualidade das águas para o futuro”, salientou Goellner. 

O coordenador geral da empresa que executou o diagnóstico, Antonio Thomé, disse que esse é o primeiro estudo concreto da bacia. “Foi feito um pente fino em todas as instituições públicas e privadas da bacia e não se encontrou nenhum estudo dessa natureza”, revelou Thomé.

 

Audiências Públicas 

O próximo passo será mobilizar a sociedade para definir a qualidade e os usos futuros da água. Serão realizadas duas Audiências Públicas nos dias 23 e 30 de setembro, em Ronda Alta e Erechim, respectivamente, onde serão apresentados os dados. A comunidade, representantes dos setores usuários e demais interessados indicarão os objetivos desejados na bacia. O que ficar definido nesse processo deverá tornar-se Lei. O Coordenador do projeto do Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Rafael Caruso Erling, enfatizou a importância da participação da sociedade nesse processo para definir “o rio que queremos”. Informações  sobre o estudo e audiências pelo telefone (54) 3316-8153. 

 

Principal usuário 

A Unidade de Gestão 1 (Coxilha, Estação, Ipiranga do Sul, Passo Fundo, Pontão, Sertão) tem a maior demanda de água 59% (174.980 m³/s). A demanda total é de 296.850 m³/s. 

Os municípios que mais consomem água per capita são Passo Fundo, Erechim, Cruzaltense, Estação, Sarandi, Ipiranga do Sul, Nonoai e Itatiba do Sul. 

O município com menor índice de atendimento do abastecimento público é Rio dos Índios (18%). O que representa o maior índice é Passo Fundo (99%). O índice de abastecimento público médio na bacia é de 83%. Quanto ao número de residências com ligações ativas de água, Passo Fundo representa o número mais expressivo com 61 mil ligações (52,12%). 

 

Maior fonte poluidora 

A carga poluidora gerada na bacia pela pecuária é de 97.529 toneladas/ano. Apesar das aves representarem o maior número de animais, os bovinos de corte e de leite são os maiores poluidores. A explicação é a grande concentração desses animais na região.

A Unidade de Gestão 3 (Barão de Cotegipe, Benjamin Constant do Sul, Cruzaltense, Erebango, Erechim, Paulo Bento, Ponte Preta, São Valentim) gera a maior carga poluidora na bacia com 33,38%.

  

Carga poluidora 

Bovinos de Corte – 50,56% (49.314 ton/ano) 

Suínos – 17,23% (16.806 ton/ano) 

Bovinos de Leite – 15,55% (15.161 ton/ano) 

Aves – 15,19% (14.810 ton/ano)

 

Municípios de abrangência CBHPF 

Barão de Cotegipe, Barra do Rio Azul, Benjamin Constant do Sul, Campinas do Sul, Coxilha,Cruzaltense, Entre Rios do Sul, Erebango, Erechim, Erval Grande, Estação, Faxinalzinho, Gramado dos Loureiros, Ipiranga do Sul, Itatiba do Sul, Jacutinga, Nonoai, Passo Fundo, Paulo Bento,Pontão, Ponte Preta, Quatro Irmãos, Rio dos Índios, Ronda Alta, Rondinha, São Valentim,Sarandi, Sertão, Três Palmeiras e Trindade do Sul. 

 

Fotos: Divulgação

 

Assessoria de Imprensa
Jornalista Natália Fávero (MTB14761)