Bacia do Alto Jacuí apresenta maiores volumes de agrotóxicos por área cultivada

Levantamento sobre uso de agrotóxicos e impactos na qualidade da água sugere ampliação da análise da água no Estado 

 

A Secretaria Estadual da Saúde realizou um levantamento do uso de agrotóxicos e o seu impacto na qualidade da água dos mananciais gaúchos. O estudo apontou que muitos tipos de químicos não fazem parte da lista de produtos que têm limites aceitáveis normatizados pelo Ministério da Saúde. Apesar de serem eliminados no tratamento antes do consumo humano, garantindo a sua potabilidade, o estudo propõe que esses outros pesticidas também passem a ter sua concentração na água verificada nas análises laboratoriais feitas rotineiramente. 

O estudo - realizado entre 2009 e 2010 - foi coordenado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) e abrangeu as 24 bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul. Através da aplicação de questionários com agricultores de 72 cidades gaúchas (três por bacia hidrográfica), ele levantou dados sobre o tipo e volume dos agrotóxicos utilizados em 15 diferentes culturas. Também foram analisadas as características físicas-químicas dos agrotóxicos em uso. 

A região Noroeste do Estado foi a que apresentou os maiores volumes de agrotóxicos por área cultivada, chegando a 919 litros por quilômetro quadrado ao ano na Bacia do Alto Jacuí. A região é grande produtora de milho, soja e trigo. A estimativa do uso de agrotóxicos no RS para a safra 2009/2010 teve, de acordo com a análise, média de 320,2 L/Km2/ano. Com base nos cálculos, foram identificado os compostos mais utilizados no Estado, destacando-se o glifosato, amplamente utilizado em diferentes culturas por ser um herbicida sistêmico não seletivo. Entre os dez compostos mais usados, ele é o único que consta na atual norma nacional de controle. 

O estudo identificou os produtos mais usados para depois classificá-los por criticidade e bacia hidrográfica, possibilitando monitorar na água de consumo humano os princípios ativos dos agrotóxicos de acordo com a realidade local. No Brasil, a Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. O texto deve ter uma atualização publicada ainda este ano, mas mesmo assim continuará sem incluir alguns dos produtos utilizados no RS. 

Munido do levantamento, o governo do Estado estudará junto às concessionárias de distribuição e aos laboratórios que prestam serviço à Secretaria Estadual da Saúde que incluam estes produtos na análise laboratorial. Dessa forma, certifica-se que a água consumida no RS continue livre desses químicos. 

O levantamento foi apresentado durante o 26º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, que ocorreu em Porto Alegre entre o último domingo (25) e esta quinta-feira (29). Na oportunidade, a representante do Ministério da Saúde, Mariely Daniel, apresentou a proposta nacional para a revisão nova portaria de potabilidade da água de consumo humano. Após a mostra do estudo, a presidente do congresso da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES), Ellen Pritsch, falou do impacto econômico de ampliar as análises de controle d`água.

  

Fonte: Secretaria da Saúde - RS/EcoAgência

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